1º Pilar - O Testemunho de fé
"Não há outra divindade além de Allah e Muhammad é seu Mensageiro". Esta declaração de fé é chamada shahada, uma fórmula simples que todo o crente pronuncia.
Em árabe, a primeira parte é: La ilaha ílal-lah (não há outra divindade além de Deus). Ilaha (divindade) pode se referir a qualquer coisa que podemos ser tentados a colocar no lugar de Deus: riqueza, poder e similares. Então vem, ilal-lah (além de Deus), a Fonte de toda criação.
A Segunda parte da shahada é Muhammad Rasul lul-lah (Muhammad é o mensageiro de Deus). Uma mensagem de orientação que veio por intermédio de um homem como nós mesmos.
Muitas pessoas ignorantes do Islã têm noções deturpadas sobre Allah, usado pelos muçulmanos para denotar Deus. Allah é o nome próprio para Deus em árabe, assim com “Elah”, ou mais freqüentemente “Elohim”, é o nome próprio para Deus em aramaico mencionado no Velho Testamento. Allah também é Seu nome pessoal no Islã, assim como “YHWH” é Seu nome pessoal no Judaísmo. Entretanto, em vez da denotação hebraica específica de “YHWH” como “Aquele Que É”, em árabe Allah denota o aspecto de ser “A Única Verdadeira Divindade merecedora de toda adoração”. Os judeus e cristãos que falam árabe também se referem ao Ser Supremo como Allah.
A primeira parte desse testemunho afirma que Deus tem o direito exclusivo de ser adorado interiormente e exteriormente, com o seu coração e ações. Na doutrina islâmica, não apenas ninguém pode ser adorado aparte Dele, mas absolutamente ninguém pode ser adorado com Ele. Ele não tem parceiros ou associados na adoração. Adoração, em seu sentido abrangente e em todos os aspectos, é para Ele apenas. O direito de Deus de ser adorado é o significado fundamental do testemunho de fé do Islã: Lā ‘ilāha ‘illā llāh. Uma pessoa se torna muçulmana ao testemunhar o direito divino à adoração. É o ponto central da crença islâmica em Deus, e até de todo o Islã. Foi a mensagem central de todos os profetas e mensageiros enviados por Deus – a mensagem de Abraão, Isaque, Ismael, Moisés, os profetas hebreus, Jesus e Muhammad, que Deus os exalte. Por exemplo, Moisés declarou:
“Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4)
Jesus repetiu a mesma mensagem 1.500 anos depois quando disse:
“O primeiro de todos os mandamentos é, ‘Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor.’” (Marcos 12:29)
...e relembrou Satanás:
“Afaste-te de mim, Satanás! Porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto.” (Mateus 4:10)
Finalmente, o chamado de Muhammad 600 anos depois de Jesus reverberou através dos vales de Meca: " Não existe Deus exceto Ele.”
(Alcorão 2:163). Todos eles declararam claramente:
“Adorai a Deus! Não tendes outro Deus exceto Ele.” (Alcorão 7:59, 60, 73, 85; 11: 50, 61; 84; 23,32)
Mas por um mero testemunho verbal apenas, ninguém se torna um muçulmano completo. Para se tornar um muçulmano completo é necessário
executar na prática a instrução dada pelo Profeta Muhammad como ordenado por Deus. Isso nos leva à segunda parte do testemunho.
(b) Muhammad é o Mensageiro de Deus (Allah).
Muhammad nasceu em Meca, na Arábia, no ano de 570 EC. Seus ancestrais remontam a Ismael, um filho do Profeta Abraão. A segunda parte da confissão de fé afirma que ele não é apenas um profeta, mas também um mensageiro de Deus, um papel mais elevado também desempenhado por Moisés e Jesus antes dele. Como todos os profetas antes dele, ele foi um ser humano, mas escolhido por Deus para transmitir Sua mensagem para toda a humanidade ao invés de uma tribo ou nação dentre muitas que existem. Para os muçulmanos, Muhammad trouxe a última, a revelação final. Ao aceitar Muhammad como o “último dos profetas,” eles acreditam que sua profecia confirma e completa todas as mensagens reveladas, começando com a de Adão. Além disso, Muhammad serve como modelo proeminente através do exemplo de sua vida. O esforço do crente para seguir o exemplo de Muhammad reflete a ênfase do Islã na prática e ação.
2° Pilar - A Oração
Salah é a oração ritual diária ordenada a todos os muçulmanos como um dos cinco Pilares do Islam. É realizada cinco vezes por dia por todos os muçulmanos. Salah é uma adoração precisa, diferente de orar sobre a inspiração do momento.
Os muçulmanos oram ou, talvez mais corretamente, adoram cinco vezes ao longo do dia (ver tabela de horário das orações em Cuiabá na Página Principal do site):
1º. Oração do Fajr, entre a primeira luz do dia e o nascer do sol
2º. Oração do Duhr, após o sol ter passado da metade do céu.
3°. Oração do Asr, entre o meio da tarde e o pôr do sol.
4º. Oração do Maghrib, entre o pôr do sol e a última luz do dia.
5°. Oração do Ishá, entre a escuridão e a meia-noite.
Cada oração pode levar pelo menos 5 minutos, mas pode ser estendida como a pessoa desejar. Os muçulmanos podem orar em qualquer ambiente limpo, sozinhos ou juntos, em uma mesquita ou em casa, no trabalho ou na estrada, em locais fechados ou abertos. Sob
circunstâncias especiais, como doença, viagem, ou guerra, são feitas certas concessões nas orações para facilitar o seu cumprimento.
Ter horários específicos todos os dias para estarem próximos de Deus ajuda os muçulmanos a se manterem conscientes da importância de sua fé, e o papel que ela desempenha em cada parte da vida. Os muçulmanos começam o seu dia se lavando e então se apresentam perante o seu Senhor em oração. As orações consistem de recitações do Alcorão em árabe e uma seqüência de movimentos: ficar de pé, curvar, prostrar e sentar. Todas as recitações e movimentos expressam submissão, humildade e reverência a Deus. As várias posturas que os muçulmanos assumem durante suas orações capturam o espírito da submissão; as palavras relembram de seus compromissos com Deus. A oração também relembra da crença no Dia do Juízo e do fato de que ninguém comparecerá perante seu Criador sem prestar contas de sua vida inteira. Assim é como um muçulmano começa o seu dia. No curso do dia, os muçulmanos se desassociam dos seus envolvimentos mundanos por uns poucos momentos e comparecem perante Deus. Isso traz à mente mais uma vez o propósito real da vida.
Essas orações servem como um lembrete constante ao longo do dia para ajudar os crentes a estarem conscientes de Deus em seu esforço de trabalho diário, familiar e nas distrações da vida. A oração fortalece a fé, a dependência em Deus e coloca a vida diária dentro da perspectiva de vida que virá depois da morte e do último julgamento. Enquanto se preparam para orar, os muçulmanos se voltam para Meca, a cidade sagrada onde fica a Caaba (o antigo local de adoração construído por Abraão e seu filho Ismael). No final da oração, a shahada (testemunho de fé) é recitada, e a saudação de paz, “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre todos vocês,” é repetida duas vezes.
Embora a realização individual do salah seja permitida, a adoração coletiva na mesquita tem mérito especial e os muçulmanos são encorajados a realizar certos salah com outros. Com suas faces voltadas na direção da Caaba em Meca, os adoradores se alinham em fileiras paralelas atrás do imam, ou líder da oração, que os direciona enquanto eles executam as posturas físicas associadas com as recitações corânicas. Em muitos países islâmicos, a “chamada para oração,” ou ‘Adhan,’ ecoa sobre os tetos das construções. Auxiliado por um auto falante o muezzin (pessoa que faz o adhan) chama:
3º Pilar - O Zakat (caridade)
A caridade não é apenas recomendada pelo Islam, mas é requerida de todo muçulmano financeiramente estável. Dar caridade àqueles que a merecem é parte do caráter do muçulmano e um dos cinco pilares da prática islâmica. O zakat é visto como “caridade compulsória”; é uma obrigação daqueles que receberam sua riqueza de Deus responder aos membros necessitados da comunidade. Desprovidas de sentimentos de amor universal, algumas pessoas só sabem acumular fortuna e aumentá-la emprestando com juros. Os ensinamentos do Islam são a verdadeira antítese dessa atitude. O Islam encoraja o compartilhamento da riqueza com outros e ajuda as pessoas a se estabelecerem e serem membros produtivos da sociedade.
Em árabe é conhecido como zakat, que literalmente significa “purificação”, porque se considera que o zakat purifica o coração da ganância. O amor pela riqueza é natural e é preciso uma crença firme em Deus para uma pessoa se desfazer de parte de sua riqueza. O Zakat deve ser pago sobre categorias diferentes de propriedade – ouro, prata, dinheiro; gado, produção agrícola; e mercadorias – é pagável a cada ano após um ano de posse (dos bens). Requer uma contribuição anual de 2,5% dos bens e fortuna do indivíduo.
Como a oração, que é tanto uma responsabilidade individual quanto comunitária, o zakat expressa a adoração e agradecimento do muçulmano a Deus, ao ajudar os necessitados. No Islam, o verdadeiro proprietário das coisas não é o homem, mas Deus. A aquisição de riquezas como um fim, ou para aumentar o valor de um homem, é condenada. A mera aquisição de riqueza não conta nada aos olhos de Deus. Não dá ao homem qualquer mérito nessa vida ou na vida futura. O Islam ensina que as pessoas devem adquirir riqueza com a intenção de gastá-la em suas próprias necessidades e nas necessidades de outros.
“‘O homem’, disse o Profeta, ‘diz: Minha riqueza! Minha riqueza!’ Vocês não têm mais riqueza, exceto a que dão como caridade e, assim, preserva, gasta e destroça, come e consome?”
Todo o conceito de riqueza é considerado como um presente de Deus no Islam. Deus, que a provê para a pessoa, destinou uma porção dela para
o pobre, e assim o pobre tem direito sobre essa riqueza. O Zakat relembra os muçulmanos que tudo que eles têm pertence a Deus. As pessoas recebem suas fortunas como uma custódia de Deus, e o zakat tem a finalidade de livrar os muçulmanos do amor pelo dinheiro. O dinheiro pago no zakat não é algo que Deus precise ou receba. Ele está acima de qualquer tipo de dependência. Deus, em Sua misericórdia infinita, promete recompensas pela ajuda aos necessitados com a condição básica de que o zakat seja pago em nome de Deus; ninguém deve esperar ou exigir ganhos mundanos dos beneficiários nem ter como objetivo fazer nome como filantropo. Os sentimentos de um beneficiário não devem ser feridos fazendo-o se sentir inferior ou relembrando-o da ajuda.
O dinheiro dado como zakat só pode ser usado em certas coisas específicas. A Lei Islâmica estipula que a caridade seja usada para ajudar os pobres, órfãos e viúvas, para libertar escravos e devedores, e outros necessitados, como mencionado especificamente no Alcorão (9:60). O Zakat, que se desenvolveu há quatorze séculos, funciona como uma forma de seguridade social na sociedade muçulmana.
As escrituras judaica e cristã não louvam a libertação de escravos equiparando-a a adoração. De fato, o Islã é único nas religiões mundiais ao exigir dos crentes que ajudem financeiramente os escravos a obterem sua liberdade e elevou a libertação de um escravo a um ato de adoração – se é feito para agradar a Deus.
Sob os califados, a coleta e dispêndio do zakat era uma função do estado. No mundo islâmico contemporâneo, isso foi deixado por conta do indivíduo, exceto em alguns países nos quais o estado cumpre esse papel até certo ponto. A maioria dos muçulmanos no Ocidente dispersa o zakat através de entidades de caridade islâmicas, mesquitas, ou dando diretamente aos pobres. O dinheiro não é coletado durante serviços religiosos ou via pratos de coleta, mas algumas mesquitas mantêm uma caixa de coleta para aqueles que desejam que elas distribuam o zakat em seu nome. Ao contrário do zakat, fazer outras formas de caridade em particular, até mesmo em segredo, é considerado melhor, de modo a manter a intenção puramente por Deus.
Além do zakat, o Alcorão e Hadith (ditos e atos do Profeta Muhammad, que Deus exalte a sua menção) também enfatizam a sadaqah, ou caridade voluntária, para os necessitados. O Alcorão enfatiza alimentar o faminto, vestir o despido, ajudar o necessitado, e que quanto mais alguém ajuda, mais Deus ajuda a essa pessoa, e que quanto mais se dá, mais Deus dá à pessoa. A pessoa sente que está cuidando dos outros e que Deus está cuidando dela.
4º Pilar - Jejum no mês de Ramadan
"Quando alguém quebra o jejum, deve fazê-lo com uma tâmara.
Se não a tiver, deverá fazê-lo com água, porque é pura, e
purifica todo o organismo." (profeta Muhammad)
O quarto Pilar do Islam ocorre uma vez por ano durante o nono mês lunar do calendário islâmico, o mês de Ramadan, no qual:
“...o Alcorão foi revelado como orientação para a humanidade.” (Alcorão 2:185)
Jejuar não é exclusivo dos muçulmanos. Tem sido praticado por séculos em conexão com cerimônias religiosas por cristãos, judeus, confucionistas, hindus, taoístas e janistas. Deus menciona esse fato no Alcorão:
“Ó vós que credes! O jejum está prescrito para vós, como foi prescrito àqueles antes de vós, para serdes piedosos.” (Alcorão 2:183)
Deus em Sua infinita misericórdia isentou os doentes, os viajantes e outros que são incapazes de jejuar no Ramadan.
Jejuar ajuda os muçulmanos a desenvolverem o autocontrole, obter melhor entendimento das dádivas de Deus e maior compaixão em relação aos desprovidos. Jejuar no Islã envolve abster-se de todos os prazeres do corpo entre a alvorada e o pôr do sol. Não apenas a comida é proibida, mas também qualquer atividade sexual. Todas as coisas que são consideradas como proibidas são ainda mais nesse mês, devido a sua sacralidade. A cada momento durante o jejum, a pessoa suprime suas paixões e desejos em amorosa obediência a Deus. Essa consciência de dever e espírito de paciência ajudam no fortalecimento de nossa fé. Jejuar ajuda a pessoa a obter autocontrole. Uma pessoa que se abstém de coisas permissíveis como comida e bebida está mais inclinada a ser consciente de seus pecados. Um senso de espiritualidade elevado ajuda a quebrar os hábitos da mentira, de olhar com desejo para o sexo oposto, de fofocar e de perder tempo. Ficar com fome e sede por apenas uma parte do dia permite sentir a miséria de 800 milhões que passam fome ou de uma em cada dez moradias nos Estados Unidos, por exemplo, que estão vivendo com fome ou sob o risco de passarem fome. Afinal de contas, por que alguém se preocuparia com a fome se nunca a tivesse sentido? Pode-se ver por que o Ramadan também é um mês de caridade e doação.
No pôr do sol, o jejum é quebrado com uma refeição leve popularmente chamada de iftaar. Familiares e amigos compartilham uma refeição tardia especial juntos, freqüentemente incluindo alimentos e doces especiais servidos apenas nessa época do ano. Muitos vão para a mesquita para a oração da noite, seguida de orações especiais recitadas somente durante o Ramadan. Alguns recitarão o Alcorão inteiro como um ato especial de devoção, e recitações públicas do Alcorão podem ser ouvidas durante toda a noite. As famílias se levantam antes do nascer do sol para fazer sua primeira refeição do dia, que os sustentará até o pôr do sol. Próximo do fim do Ramadã os muçulmanos comemoram a “Noite do Decreto” quando o Alcorão foi revelado. O mês de Ramadan termina com uma das duas maiores celebrações islâmicas, a Festa da Quebra do Jejum, chamada de Eid al-Fitr. Nesse dia, os muçulmanos celebram alegremente a conclusão do Ramadan e é costume distribuir presentes para as crianças. Os muçulmanos também são obrigados a ajudar os pobres a desfrutarem do espírito de relaxamento e alegria distribuindo o zakat-ul-fitr, um ato especial e obrigatório de caridade na forma de algum alimento básico, de modo que todos possam desfrutar da euforia geral do dia.
5 º Pilar - A Peregrinação à Meca
O Hajj (peregrinação à Meca) é a quinta das práticas e instituições islâmicas fundamentais conhecidas como os cinco pilares do Islam. A peregrinação no Islam não é feita a túmulos de santos, a monastérios em busca de ajuda de homens sagrados, ou locais onde supostos milagres aconteceram, muito embora nós vejamos muitos muçulmanos fazendo isso. A peregrinação é feita à Caaba, encontrada na cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, a ‘Casa de Deus,’ cuja santidade reside no fato de que o Profeta Abraão a construiu para a adoração a Deus. Deus o recompensou atribuindo a Casa a Si próprio, em essência honrando-a, e fazendo-a o epicentro devocional para o qual todos os muçulmanos se voltam quando oferecem as orações (salah). Os rituais de peregrinação são realizados hoje exatamente como foram feitos por Abraão, e depois dele pelo Profeta Muhammad, que Deus os exalte.
A peregrinação é vista como uma atividade particularmente meritória. A peregrinação serve como uma penitência – o perdão supremo para pecados, devoção e intensa espiritualidade. A peregrinação à Meca, a cidade mais sagrada no Islam, é exigida de todos os muçulmanos física e financeiramente capazes uma vez em suas vidas. O ritual de peregrinação começa uns poucos meses após o Ramadã, no oitavo dia do último mês do ano islâmico de Dhul-Hijjah, e termina no décimo terceiro dia. Meca é o centro para o qual os muçulmanos convergem uma vez ao ano, se encontram e revigoram a fé de que todos os muçulmanos são iguais e merecem o amor e simpatia dos outros, independentemente de sua raça ou origem étnica.
O encerramento da peregrinação é marcado por um festival, Eid-Al-Adha, celebrado com orações e troca de presentes entre as comunidades islâmicas. Este Eid e o Eid-al-Fithr, uma festa comemorando o final de Ramadan, são as principais festas do calendário islâmico.